
pe. Fábio de Melo
Coloquei o filtro da arte
naquela cena comum
e a luz que até então estava escondida
fez surpreender-me
com seu poder de claridade.
A mulher simples,
mãos calejadas de lida rotineira,
mulher que aprendeu
a curar as dores do mundo
a partir de meus joelhos
esfolados de quedas e estrepolias.
Aquela mulher,
minha mãe.
Rosto iluminado por uma labareda
que tinha origem num fogão de lenha,
trazia consigo o dom de de me devolver acalma,
que a vida tantas vezes insistiu em me roubar.
Aquela cena:
mulher,fogão de lenha,
panela preta, escondendo
a brancura de um arroz
feito na hora,
é uma das cenas mais preciosas
que meu coração não soube esquecer!
Saudade de mãe é coisa sem jeito,
chega quando menos imaginamos:
um cheiro,
uma melodia,
uma palavra,
uma imagem...
E é isso que o cordão do tempo
nos convida ao retorno à infância,
como se um fio nos costurasse
de novo ao colo da mulher
que primeiro nos segurou na vida,
e agora pudesse nos regenerar.
Saudade de mãe é ponte
que nos favorece ao retorno a nós mesmos;
travessia que nos recorda
uma identidade muitas vezes esquecida,
perdida na pressa que nos leva.
Saudade de mãe é devolução.
É ato que se restitui o que se parte
É luz que sinaliza o local do porto
É voz no ouvido a nos acalmar
nas homadrugada de desespero e solidão,
atrvés de de uma frase simples:
-dorme meu filho,dorme!
Hoje,nesse dia em que a vida
me fez criança de novo,
neste instante em que esta cena
feliz tomou conta de mim,
uma única palavra quero dizer:
Oh!minha mãe,que saudade de você!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário